A evolução dos quadrinhos Disney no Brasil ( 2008-2012)
Parte 02 – OS DADOS
A
impressão que se tem é que o mercado realmente mudou, e que os quadrinhos
Disney estão mais presentes às bancas e às nossas coleções. Mas,
quantitativamente, o que mudou? Temos mais páginas, mais inéditas, mais republicações,
mais gibis? E aquela história de rerererererererererepublicações, bate ou não?
Os
dados aqui apresentados foram contabilizados a partir das informações do banco
de dados Inducks. Tentou-se contabilizar todas as páginas de quadrinhos Disney
publicadas pela Abril nesses 04 anos de estudo, sempre buscando estabelecer uma
comparação entre inéditas e republicações.
O foco é nos
personagens tradicionais, mas também se incluiu na análise as revistas de
quadrinizações da Pixar lançadas pela editora em 2011: Toy Story, Carros e Os
Incriveis, além do especial Piratas do Caribe.
Ainda
fazemos uma breve comparação de dados quando se inclui as 3 linhas que a Editora
On Line lançou em 2010 e 2011: Disney Cinema em Quadrinhos, Disney Filmes Clássicos
em Quadrinhos e Disney Filmes em Quadrinhos (incluindo seus três especiais).
Deu-se
quatro diferentes enfoque à análise:
- A relação entre inéditas e republicações em 2011.
- A variação dos totais publicados, inéditas e republicações no período 2008-2011.
- O peso das coleções especiais nas publicações Disney brasileiras.
- O peso das mensais
Antes de
apresentar os resultados, eu apresento as considerações que foram feitas na
contabilização de páginas:
-
Mensais: Considerou-se 50 páginas de
quadrinhos inéditos mensais para Pateta, Minnie, Pato Donald e Mickey e 80 para
Tio Patinhas, além de 50 de republicações para Zé Carioca. Para as mensais, eu
não verifiquei edição por edição se eram, por exemplo, 48 ou 52 páginas de
quadrinhos, como já aconteceu em algumas revistas.
- Disney BIG, Férias e Extras: Considerou-se
300 páginas de republicações por edição de Big e 30 de Férias e Extras.
- Almanaques: Considerou-se 80 páginas de
republicação por edição.
- CLD, Disney GOL, Minnie Pocket Love, Pura
Risada, Disney Gigante, Donald Duplo, Epic Mickey e demais especiais: Contabilizou-se quantas páginas realmente
tinha de inéditas e republicações em cada edição.
- Disney Jumbo e Natal Disney de Ouro:
Contabilizou-se quantas páginas realmente em cada edição, todas republicadas.
- Pateta faz História : Contabilizou-se
quantas páginas realmente tinha de inéditas e republicações em cada edição. Aquelas
histórias que tinham saído apenas em inglês no Brasil (com encarte preto e
branco com tradução) foram consideradas INÉDITAS.
- Edições da On Line : Contabilizou-se
apenas o número de páginas das HQs. Quando não se tinha essa informação no
Inducks considerou-se 44 páginas. Todas as HQs eram inéditas.
Alguém
tem idéia de qual a relação entre inéditas e republicações em nossos gibis
ultimamente? Alguém sabe como isso vem mudando com o tempo? Qual o peso das
coleções CLD e PFH nessa relação? E das mensais? Isso e muito mais é discutido
a partir de agora, com os resultados do estudo.
Enfoque 01 – O ano de 2011
Em
2011, a editora Abril publicou cerca de 12.500 páginas de quadrinhos Disney “tradicionais”,
ou seja, aqueles que saem comumente nas mensais, Big e demais revistas, o que
exclui aquelas revistas especiais publicadas relacionadas à Pixar e a Piratas
do Caribe.
Excluindo,
em um primeiro momento, as edições Disney Big e Disney Jumbo, que trouxeram
2.008 páginas de republicações, temos um resultado que a princípio parece
surpreendente: as inéditas respondem por 54,2% das páginas publicadas (5.680)
contra 45,8% de republicações (4.797), uma diferença de 883 páginas, valor
próximo a todas as páginas publicadas em Tio Patinhas no ano (960).
Ao
se incluir Disney Big e Disney Jumbo na lista, perfazemos um total de quase
12.500 páginas de quadrinhos tradicionais publicadas pela Abril em 2011. As
republicações agora responderiam por 54,4% das páginas (6.797, mais de 1.100
páginas que as inéditas).
Juntando
os dados de Piratas do Caribe, Toy Story, Os Incríveis e Carros, tem-se ainda
um total de republicações maior (6.797 x 6.030 páginas). No total, a Abril
então publicou, nas edições estudadas, 12.835 páginas de quadrinhos em 2011,
com 53% delas sendo de republicações.
Ao
incluir no estudo os dados da On Line editora e suas quadrinizações, tem-se um
total de 13.709 páginas, e uma “surpresa”: SAIU MAIS COISA INÉDITA QUE
REPUBLICADA em 2011!!! O total de inéditas passa a ser de 6.904 páginas (50,4%),
contra 6.797 de republicações.
O gráfico
apresentado mostra os números da pesquisa. Denominou-se “Trad1” as tradicionais
sem DB e DJ, “Trad2” todas as tradicionais Abril, “Abril” a junção de
tradicionais com Pixar e outras e “Abril + On Line” a inclusão de revistas da
On Line à análise da Abril.
Enfoque 02 – Inéditas x
Republicações no período 2008-2011
Consolidando
os dados apenas das revistas “tradicionais”, tem-se, como apresentado, que as
republicações corresponderam a 54,4% das páginas publicadas pela Abril em 2011,
graças, em especial, à grande contribuição de DB e DJ a esse total.
No
ano de 2010, porém, as inéditas corresponderam a 51,5% das páginas, graças, em
especial, à coleção Clássicos da Literatura Disney (CLD), que será enfocada no
próximo tópico. O total de páginas inéditas em 2011, porém, é maior que em 2010
(5.680 x 5.271), um acréscimo um pouco maior que 7%. Com relação às
republicações a evolução é bem visível: 6.797 x 4.958 páginas, um acréscimo de
37% em relação a 2010. No total, em 2011 foram publicadas 22% a mais de páginas
pela Abril que em 2010 (12.485 x 10.229).
Em
relação aos números de 2009 a evolução é bem mais assustadora: no citado ano,
praticamente metade das 5.195 páginas foram de inéditas. Com relação às
inéditas, a evolução de 2009 a 2011 foi de 118% a mais de páginas publicadas.
No total, o acréscimo foi de 140% (12.485 x 5.195).
Pode-se dizer
que a editora tem valorizado mais as republicações e negligenciando as inéditas
em 2011, com relação a 2010? O acréscimo de um pouco mais de 400 páginas de
inéditas, e em contrapartida um aumento de quase 1.900 de republicações, é bom?
Tudo tem uma
resposta: depende.
O acréscimo da
linha de almanaques aos quadrinhos Disney regulares valorizou as republicações
sim, mas republicações clássicas, de ótima qualidade. Além disso, DB está cada
vez mais tentando trazer HQs mais históricas, fazendo com que mesmo as
republicações sejam maravilhosas opções de leitura.
Em
contrapartida, o acréscimo aparentemente pequeno de inéditas em 2011 se deve ao
fato da coleção CLD, que foi publicada 75% em 2010, trazer muitas HQs nunca
antes lidas no Brasil, o que fez com que o número de inéditas em 2010 fosse
estupendo. Essas informações serão analisadas no terceiro enfoque, que trata da
importância das séries especiais como PFH e CLD.
Enfoque 03 – O peso das
coleções especiais
Após
o fim de “O Melhor da Disney – As obras completas de Carl Barks”, em 2008, a
Abril descansou um pouco desse tipo de coleção em 2009 e voltou com tudo em
2010, apresentando Clássicos da Literatura Disney (finalizada em 2011). Em
2011, foi a vez de Pateta faz História.
O
questionamento que se faz é: o que essas coleções agregam para os fãs Disney,
com relação ao total de HQs publicadas em um ano? E mais, será que boa parte
das inéditas em determinado ano vem delas? A resposta é um sonoro SIM!!!
Apresento
primeiro o gráfico de totais publicados nas coleções estudadas (OMD em 2008,
CLD em 2010 e CLD e PFH em 2011) em relação às outras publicações (denominadas “regulares
e edições especiais”, para deixar claro que contempla todas as outras revistas
publicadas no ano.
A partir das
informações do gráfico acima vê-se que em 208 a coleção OMD, em sua fase final,
correspondeu a 26,4% das páginas publicadas naquele ano, total próximo ao do
ano que passou, 2011, quando PFH e CLD foram responsáveis por 25,8% das páginas
publicadas. O número em 2010 é ainda mais assustador, e pode-se dizer que foi
crucial para a boa retomada dos quadrinhos Disney no Brasil: 42,3% das páginas
publicadas estiveram nessa coleção!!!
E com relação
às inéditas, isso é o que vale, diriam alguns... Vejamos o gráfico a seguir
então:
Uma olhada
rápida no gráfico nos permite tirar muitas conclusões, não é caro amigo? A fase
final de OMD correspondeu a apenas 4% das inéditas de 2008, mas CLD trouxe simplesmente
54% das inéditas de 2010, ou seja, se não fosse essa coleção teríamos menos da
metade de inéditas (páginas) publicadas em 2010. Em 2012, 31% das inéditas
vieram de coleções desse tipo (PFH e CLD).
Um último
adendo ao estudo é mostrar o peso das mensais nas inéditas de determinado ano,
afinal, são as mensais, a meu ver, que precisam ser o reflexo de qualquer
análise a fim de avaliar se o mercado Disney é estável e lucrativo, e por isso,
o fortalecimento delas é necessário.
Enfoque 04 – O peso das mensais
As
mensais, pode-se dizer, são as revistas mais importantes no portfólio de
publicações Disney no Brasil, afinal, seja em período de baixa seja em período
de alta elas refletem, ao diminuir ou aumentar preço/número de títulos/qtd de
páginas, aquele momento que os quadrinhos Disney vivem.
Claro
que a análise das mensais não é algo tão simples. O que é melhor? 10 mensais
representarem 15% das inéditas publicadas em determinado ano ou 2 mensais
representarem 85% desse total? Depende do ponto de vista, mas eu fico com a
primeira opção. Por ser bem subjetivo, praticamente apenas levantarei e
apresentarei os dados, sem entrar em muitos méritos.
Usei
então os mesmos gráficos do enfoque 03, porém individualizando as mensais, para
tentar perceber qual a influência delas nas inéditas de determinado ano.
As inéditas,
que aumentam desde 2009 (2.598 páginas em 2009, 5271 em 2010 e 5680 em 2011),
vêm sendo fortalecidas com a produção de séries especiais (PFH e CLD) e a
publicação de especiais como Disney Gol, Donald Duplo e Disney Gigante, dentre
outros. Porém, uma grande parcela das inéditas em um ano são provenientes
dessas revistas regulares, o que é algo muito bom.
No gráfico se
percebe que a cada ano aumenta o número de especiais com inéditas, o que é
ótimo. Além disso, o ano de 2011 publicou um número de páginas inéditas nas
mensais recorde no período, com o lançamento dos títulos Disney e Pateta, que
melhoraram a estatística em relação a 2010, ano em que, com o cancelamento de
AVD em 2009, as inéditas apareceram mais em CLD que nas mensais.
O número de
inéditas provenientes das mensais foi de mais de 95% em 2008 (alguns especiais
trouxeram inéditas) e 2009 (apenas OMD trouxe inéditas além das mensais) e de 41%
em 2010 (influência do cancelamento de AVD e lançamendo de CLD) e 50,4% em 2011
(resultado do fortalecimento das mensais, já que houve muitos especiais também
com inéditas).
Conclusão
Ao fim do
enfoque 02 eu trouxe uma breve análise do que acho: mesmo que às vezes pareça
que as inéditas não estão sendo incrementadas no ritmo das republicações (até
por terem um custo de publicação aparentemente maior), a evolução da publicação
desse tipo de HQ é visível.
Além disso, as
republicações apresentadas em 2011, por exemplo, são bem melhores, a meu ver,
que aquelas de 2008 e 2009, e mesmo as linhas Disney Extra E Disney Férias têm
trazido HQs maiores.
As mensais
ainda contam, como se viu, com uma carga importante de participação nas
inéditas publicadas em um ano, mesmo que surjam outras opções fantásticas para
a publicação dessa linha de HQs, como os especiais como Donald Duplo e Disney
Gol e as coleções semanais.